quarta-feira, setembro 22, 2004

tudo cá dentro

Olha, quero ir. Quero tudo. Sinto-me escorregar
pela borda da cama, cair até ao fundo do mar,
afogar-me na espuma sádica da lembrança
de uma quinta feira queimada num cigarro
e num copo de Porto. E num corpo de mármore
tremendo no frio, gemendo no calor. Morto, enfim.
Não, não penses que me esqueci. Nadavas. Mentira,
era eu que nadava. Por entre as algas e a nafta
e os peixes mortos boiando na espuma amarela
daquele mar civilizado.

Sem mais nada para escrever, tudo cá dentro.