sexta-feira, dezembro 16, 2005

terça-feira, dezembro 13, 2005

Then sing, ye birds, sing, sing a joyous song!

Though nothing can bring back the hour
Of splendour in the grass, of glory in the flower;
We will grieve not, rather find
Strength in what remains behind;
In the primal sympathy
Which having been must ever be;
In the soothing thoughts that spring
Out of human suffering;
In the faith that looks through death,
In years that bring the philosophic mind.


W. Wordsworth
Ode: Intimations Of Immortality From Recollections Of Early Childhood

sexta-feira, novembro 25, 2005

Menina do circo

Ela estava a pintar os olhos quase colada ao espelho, como se estivesse à procura de alguma coisa dentro dos olhos, por debaixo das pálpebras, com um lápis de carvão. Primeiro um, depois o outro. Depois voltava ao primeiro.
Cada vez que abriam a porta era uma onda de ruído que entrava pelo quarto e o enchia até ao tecto.
Ele andava de um lado para o outro, como os animais presos, da janela até à parede branca e depois voltava para trás. Não valia a pena olhar lá para fora: fazia demasiado escuro. Se houvesse uma cadeira talvez se sentasse, mas não havia cadeira nenhuma e não ia ficar ali de pé, parado, num sítio qualquer. Ficaria com ar de parvo.
A meio da sala havia uma mesa redonda com coisas para comer e algumas garrafas. Ele não tinha fome nem sede.
Foi então que ela soltou dois gritos muito agudos para desprender a voz. Se calhar para afastar a ansiedade com um susto.
Também ele sentia ansiedade. Como se fosse ele que tivesse de ir cantar para uma pequena multidão impaciente, ele que não sabia cantar, nem para os amigos. "Tudo pronto. Entramos dentro de dois minutos", ouviu dizer ao guitarrista que tinha acabado de entrar. Ela pôs-se de pé. Estava vestida como uma menina do circo que anda sobre os elefantes. Isso enterneceu-o. Aproximou-se dela para a agarrar, para a beijar, mas ela estendeu os braços em frente, afastando-o. Por causa da pintura. E os beijos enfraquecem a voz. Era o que ela costumava dizer.
O guitarrista agarrou na guitarra lacada de vermelho encostada à parede do fundo e saiu.
"Até já, meu menino". E a porta fechou-se atrás dela.
Ele ia continuar o seu inútil passeio entre a janela negra e a parede branca. Contaria as músicas. Sabia que eram treze, porque era sempre assim. Até lá não havia mais nada a fazer.

in A noiva judia
Pedro Paixão

Menina do circo II

Tinha a cara húmida e os olhos desbotados. O seu corpo estava quente como uma botija em lençóis frios. Deitada sobre os seus joelhos, o seu corpo enroscado cabia todo. Apesar do barulho quem prestasse atenção podia ouvir a sua respiração ofegante. Mas só um prestava atenção: o que a tinha assim ao colo como uma criança. Apeteceu-lhe ficar assim, indefinidamente ausente, mas era preciso partir. As luzes iam-se apagando aos poucos, enquanto a pequena multidão se desfazia muito lentamente sem trocar o caminho de suas casas.
Era muito tarde. Alguém disse que o carro já tinha chegado. Ele agarrou nela como num embrulho frágil e deitou-a no banco de trás. Foi também ele que fechou a porta. Alguém gritou o nome dela do escuro e o carro pôs-se em movimento.
A primeira à direita, a terceira à esquerda e depois entraram numa floresta de eucaliptos, silenciosa, durante alguns quilómetros. De vez em quando ele espreitava pelo espelho retrovisor, que tinha ajustado, para a poder ver, imóvel, estendida sobre o banco, e depois voltava a olhar para a frente descobrindo a estrada iluminada pela luz branca dos faróis. Aliás de noite nada tem cor, a não ser os sonhos dela que ele não podia ter a certeza de querer adivinhar.
A certa altura ele começou a assobiar muito baixinho. Voltou a calar-se e depois chamou pelo nome dela, mas sem que ela o ouvisse. Só para dizer o nome dela. Nisto ocorreu-lhe, por absurdo, a ideia de que alguém tinha morrido e que transportava consigo esse cadáver do qual era necessário desfazer-se urgentemente. Quase sentiu medo. Foi então, bruscamente, que uma mão lhe aflorou a nuca e ouviu uma voz que dizia: "Meu menino, meu menino".


Pedro Paixão
A noiva judia

segunda-feira, novembro 21, 2005

trevo

acordei doce no corpo: ainda o musgo e a lua
ainda o tempo
do lado de cá do muro

sim, amor
é o fogo na semente e a terra nos pés
descalça
é o rio cá dentro e a brisa
ainda nós
a cada instante
trevo

sábado, novembro 12, 2005

o amor mais fundo


este é
o amor mais fundo
porque a boca dela
repousa e fica doida
na boca dele
e quando se abrem uma na outra
querem morrer assim
uma na outra


abril94

quarta-feira, novembro 09, 2005

lua cheia

deixa-me só tocar-te breve
- eu não te quero acordar -
e sentir a flor da tua pele muito branca
na ponta da minha língua,
como se eu fosse um gato
e a tua pele a linha branca do nível do leite
morno, esquecido
e depois ir descendo pelas tuas costas
apertar e ouvir-te gemer
ir descendo pela linha da cintura até ao joelho,
sentir essa penugem loura e quente e voltar a subir
e de novo molhar a língua no teu pescoço
na linha dos cabelos que eu cortei
e aí morder-te sem magoar
e voltar a descer-te pela barriga
depois subir-te pelo peito e ouvir o teu suspiro
e ficar tonta
e continuar até ao refúgio de pêlos mais secreto do teu corpo
e demorar
sentir-te erecto e quente e descer ainda um pouco
e ouvir que tu queres mais
e dar-te mais, devagarinho
e saber que tu queres mais
e dar-te sempre mais porque é urgente
juntar o movimento do meu corpo todo
ao movimento do teu corpo todo
e ser a tua mulher no caminho da vertigem
de te dar e receber
(mesmo que queiras morrer e a vida te seja madrasta,
porque tu ainda estás vivo e ainda estás aqui)


93

sexta-feira, novembro 04, 2005

paixão e morte

se eu pudesse guardar-te comigo
cá no fundo e à flor da pele
nem a morte nem a vida me roubariam de ti
e nem de noite nem de dia te levariam de mim
deixar-te-ia correr lentamente no meu sangue
se eu pudesse guardar-te comigo

mas deixa-me em paz
sai-me da ideia, por favor
não vês que sem ti fico melhor?

não sentir o sabor da tua boca
e ir esquecendo devagar que tu já foste
o meu tesouro mais secreto
o meu veneno mais letal
o meu primeiro e último suspiro

sai de mim
por favor sai de mim
senão morro por te ter e não te ter

o teu calor dentro das veias faz-me falta
e faz-me mal

se eu pudesse guardar-te comigo
deixar-te-ia correr
lentamente
no meu sangue


deixa-me em paz
por favor
1997

sexta-feira, outubro 21, 2005

o meu amor


o meu amor é um anjo
que eu desejo

e que em sonhos eu beijo
na boca

terça-feira, outubro 18, 2005

domingo, outubro 09, 2005

quinta-feira, outubro 06, 2005

domingo, outubro 02, 2005

quarta-feira, setembro 28, 2005

Um poema de Agostinho

Vieram com Lutero os vendilhões do Templo, - e o Sol se cobriu;
Vieram com os Césares os fumos de mandar, - e o Sol se cobriu;
Vieram com Trento os autos de fé, - e o Sol se cobriu;
e nunca mais Portugal foi luz.

Porque, porém, dobrou o joelho, - eis aí a pergunta;
Porque, tão fácil, entregou o guerreiro a sua espada, - eis aí a pergunta;
Porque, tão fácil, renunciou o monge à sua alma, - eis aí a pergunta;
a pergunta que, sem resposta, fez da Nação um luto.

Inês o sabe e não perdoa, - que por ela pecaram portugueses;
Fernando o sabe e não perdoa, - que por ele pecaram portugueses;
África o sabe e não perdoa, - que por ela pecaram portugueses;
curva o remorso as frontes, abate a pena as mentes.

Só pagará a dívida o que em mim for frade, - num só claustro, o mundo;
Só pagará a dívida o que em mim for braço, - de meu irmão ajuda;
Só pagará a dívida o que em mim for nada, - perante um Deus que é tudo;
como se Portugal inteiro em mim coubesse.

terça-feira, setembro 20, 2005

quinta-feira, setembro 15, 2005

terça-feira, agosto 23, 2005

pingo

ontem à noite vieram pedir-me ajuda para tirar um gatito de cima de uma árvore, num quintal com 5 cães... =8)
tudo bem, os cães são bem tratados (educados e gentis) e já me conhecem, nada de grave!

o problema é que vim para casa com mais um felino, ainda criança, tem uns 4 meses, está bem tratado, cheira bem e não tem pulgas

vou tentar encontrar o dono, hoje, mas por enquanto a família está em seis gatos!


aaaaaaaaaaaaaaai a minha vida
tcham tcham tcham
(xutos & pontapés)

quinta-feira, agosto 18, 2005

quinta-feira, agosto 11, 2005

o chico veio de férias


e não houve problemas :))

sábado, agosto 06, 2005

rosinha

o meu gato comilão :)

quinta-feira, agosto 04, 2005

segunda-feira, agosto 01, 2005

agua@sic.pt

conseguimos!!! :)))
de um dia para o outro foi resolvido o problema :)

obrigada, SIC

quinta-feira, julho 28, 2005

crime por negligência

pedi ajuda à agua@sic.pt, a ver se se consegue acabar com isto :(

quinta-feira, julho 21, 2005

terça-feira, julho 12, 2005

verão em lisboa


aloés no meu quintal

segunda-feira, julho 04, 2005

domingo, julho 03, 2005

sexta-feira, julho 01, 2005

terça-feira, junho 28, 2005

paixão :)

tua

queria ficar no teu colo
e beijar-te até perder o sentido de mim
fazer-te todo o amor
só num abraço
e ir-me despindo toda
ficar nua para ti
e ser aquilo que eu gosto de ser
fiel e pura

agora sou tua

sexta-feira, junho 24, 2005

novidades da minha família felina

quem manda mais - a mini mãe, pritinha de seu nome (peso: 2,800Kg) , e dorme na sala

quem manda a seguir - rosinha o gatão apaixonado (peso: cerca de 5Kg) , e dorme na cozinha

quem teve que se sujeitar à dominância do regressado - o china maravilha, siamês da minha vida (peso: 4,100Kg) , e dorme na sala

quem foge a sete patas e apanha sustos de morte com o cabeçudo apaixonado ;D - a branquinha linda (peso: 3,4ooKg), e dorme no escritório

quem assiste de longe e não se mete, a minha doce puma (peso: 3,200Kg), e dorme na minha cama

bom fim de semana! :)

terça-feira, junho 21, 2005

ao solstício de verão

Pelo amor de Deus
Não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem
Não vê que
Deus até fica zangadovendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus

Ao Nosso Senhor
Pergunte se Ele produziu nas trevas o esplendor
Se tudo foi criado - o macho, a fêmea, o bicho, a flor
Criado pra adorar o Criador

E se o Criador
Inventou a criatura por favor
Se do barro fez alguém com tanto amor
Para amar Nosso Senhor

Não, Nosso Senhor
Não há de ter lançado em movimento terra e céu
Estrelas percorrendo o firmamento em carrossel
Pra circular em torno ao Criador

Ou será que o deus
Que criou nosso desejo é tão cruel
Mostra os vales onde jorra o leite e o mel
E esses vales são de Deus
Pelo amor de Deus
Não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem
Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus

segunda-feira, junho 20, 2005

domingo, junho 19, 2005

Parabéns, poema



Depois de te perder
Te encontro, com certeza
Talvez num tempo
da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei,
como encantado
Ao lado teu...